Enfim, 2021.

Estamos diante de um ano de seleção natural. O Brasil tem um neandertal na presidência e vários outros neandertais que o escutam. Se isso fosse uma carta para alguém do futuro eu diria: acredite, em 2020 existem idiotas que não querem tomar vacina!

Darwin escreveu sobre seleção natural durante o século XIX e tenho certeza que estamos vivendo um novo capítulo d’A Origem das Espécies.

Recordo aqui uma das minhas bandas favoritas, Sex Pistols:

“Her fascist regime

It made you a moron

A potential H bomb

Don’t be told and what you want

Don’t be told and what you need

There’s no future, no future

NO FUTURE FOR YOU!”

Vocês ainda aguentam ler ou ouvir a frase “esse ano precisa acabar”? Eu não.
Durante todo o ano nós reclamamos e ouvimos reclamações sobre o ano estar péssimo, terrível, tenebroso, assustador, melancólico, triste. Seja com a morte de pessoas próximas a nós, famosos, ídolos ou não, desastres ambientais, acidentes e tantas outros fatos que nos fazem pensar sobre o ser humano e seus atos.

Quem é péssimo: o ano ou a humanidade?

Fazer uma retrospectiva pessoal no final de um ano é prática de algumas culturas que seguem o calendário gregoriano. A cada ano que passa, a sensação em meu peito piora.
Sempre sinto algo estranho, uma espécie de frio na barriga, nos primeiros minutos após às 00:00 do primeiro dia do ano.
Realmente não sei se isso acontece com todos, mas comigo tem ficado mais intenso nos últimos anos. Convenhamos que esse tipo de assunto não é algo para conversar em uma mesa de bar e não costumo partilhar essa sensação com os mais próximos justamente para não ser causador de “bad vibes”.

Não tenho dúvidas que 2020 foi um ano de muito aprendizado para mim e para outras pessoas.
Lembrei de inúmeros escritores que refletiram sobre suas vidas durante suas obras de “Confissões”. Por exemplo os clássicos Rousseau e Santo Agostinho. E claro, meu russo favorito, Tolstói.
Certo dia, durante minha graduação em Ciências Sociais, um professor comentou sobre um exercício solitário e doloroso: escrever todos os nossos podres em um papel e depois queima-lo. (Espero que nenhum “”””coach””””, palestrante motivacional ou algum outro filho da puta do gênero pense nesse tipo de atividade como auto-ajuda.)

Conviver conosco e com nossos erros não é nada fácil. Pensar neles e depois escrevê-los é um exercício bem pesado. Depois, ler o que está escrito no papel é uma tarefa mais pesada ainda.
Por fim, queima-los assistindo palavras que simbolizam dores e angústias se tornando cinzas é o passado.

Passou 2020.

A vida passará.

Eles passarão!

E nós?

Passarinho!

Feliz 2021.